sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

um momento de criação é o que peço. como se alguém, além de mim mesma, fosse capaz de ouvir meus pensamentos mais íntimos. são tão tolos. todos. que discorrem em ações pouco planejadas. em ações já experienciadas até mais de uma vez. a morte do meu pai tem sido um peso, uma grande lacuna, uma ferida no peito aberto. se eu tivesse tido mais tempo para me preparar, para me buscar, para me trazer à superfície mais forte. dou gritos surdos numa atitude que considero até blasé. é difícil demais lidar com a morte, é doloroso demais lidar com a minha vida após a morte de alguém que eu sempre soube o quanto significava para mim, sem nunca ter sabido isso de fato. por vezes, lembro como me senti, da sensação de dormência nos dentes, do quanto a cabeça ficou pesada, dos olhares ternos e piedosos dispensados a mim. e da minha mãe. de sua perda ainda maior que a minha. só quero poder expurgar esta dor, este vazio que sufoca o meu peito, esta sensação de desabrigo. delineando essas palavras, até que tudo vai mal, até que tudo vai bem, até que a vida é assim, até que a morte é natural. para o inferno com esses pesares, quero sentir corroer a dor que é perder alguém, ver morrer, pela primeira vez, uma pessoa que reconheço como sendo uma parte minha. vou reviver aquelas lágrimas quantas vezes forem necessárias. vou declarar só para você aquele poema sempre que meu coração pedir. vou levar para a vida inteira o seu sorriso, que é - agora tenho consciência disso - das coisas mais belas e sinceras que já vi.



*please, hold me tight. don't ever let me go away.




Paula

Um comentário:

Anônimo disse...

imagino o quando deve ter sido doloroso pra você escrever isso... e dói ler também... essa dor que eu já conheço tão bem e que... não passa.

"delineando essas palavras, até que tudo vai mal, até que tudo vai bem, até que a vida é assim, até que a morte é natural." - gostei muito desse trecho.