sexta-feira, 19 de junho de 2009

paguei por sua caretinha
10 + 2 reais que não eram meus + as outras peças que já vi = eu estendendo minha mão pra você,
e você fazendo a caretinha.
daria mais, faria bondage, SM, você pisando em mim com aquela bota, de espetáculo, fora do espetáculo, atrás das cortinas. bota. e eu pensando em sua caretinha. no diminutivo só porque quero ser suja, fazer cara de "inha". isso não regurgito. não me pede, senão, eu fico mole, sem jeito, sensível demais, mulher-música, mulher-gemido, sonoridade crua. bota. faz caretinha. faz do meu corpo instrumento de cafonice, de frase feita, de "sabe o que fica bem em você? eu". faço a leitura de sua figura sentada atrás de uma mesa de mogno, texto em punho, cigarro aceso, texto longo, texto nulo, você atrás, você na frente. burocracia. não é entediante, é burocrático. é como dá pra ser. dei. meu dinheiro. não foi queimado, mas continua grátis. igual a antes, esse antitalismã, um centavo, vinte e cinco centavos, e tudo na cartola vira coelho. e toda cartola parece ter fundo falso. e todo passe de mágica parece de verdade, e tudo é falso. e tudo é maquiado. é pó compacto. é pose no palco. é vontade de fumar sem querer fumar. é amor corrompido. é lei para todos, menos para alguns. queimar dinheiro não pode. rasgar dinheiro é loucura. isso afeta a economia. o dinheiro tem que ser bem empregado. é papel. tem que ser bem empregado. dá pra Igreja. garanta sua vaga já no próximo culto. o que são dois reais comparados a uma caretinha? estamos encoleirados, fazendo papel de cachorro que acha que é o dono do cachorro. homem-bomba. homemrreligião. homem-anti-dinheirográtis. homem-antítese num país de um alfabeto de 26 letras.



Paula

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