sábado, 27 de junho de 2009

sweet little thirty

queria escrever um poema sujo para você.

que tivesse versos secos, quebradiços, que falassem do limo, do golfo, da sujeira da alma, do urubu-que-pousou-na-sorte de Augusto dos Anjos, que te apresentasse a beleza da imundície, o lirismo da lata de lixo.
poema sem nódoa qualquer um faz, com rimas-sorrisos, versos limpinhos que são só elogios. (reconheço isso como parte daqueles que têm um sol azul sobre a cabeça)

para você, eu quero escrever um poema sujo.

que seja a cabeça desordenada, a casa desornenada, o pé de manjericão roxo morto,
dois-amores, sem retorno, entorno de lágrimas,
poço vazio.

mas como não sou poeta maldito, como se meu cérebro estancado brigando com outro cérebro que também seria meu eliminasse qualquer possibilidade de poesia,
lhe ofereço então tinta de caneta sobre papel.



Paula

Um comentário:

Eu? Nós? disse...

Adorei esse :D

Sempre a marginalidade... estou é regredindo no social, já percebi

Mas que adorei... ah, adorei sim, sra


Bandini